Chegando lá, minha colega de trabalho, Janaína me perguntou:
- Olka, este texto está correto?
-Ali tem um erro de ortografia, ali também e ali, tá Janá?
Ela saiu sem responder, digitando outra coluna.
Eu ia escrever uma crônica, mas estava sem ideias.
Já era meio dia, eu tinha cumprido meu horário, e fui
almoçar, na minha casinha mesmo, torcendo para que eu não precisasse ir ao
supermercado.
Peguei um trânsito daqueles. Chegando em casa, abri a
geladeira, morta de cansaço e de fome e... Ufa, tinha comida na geladeira, mas
eu tinha que cozinhar. Pensei em fazer miojo ou omelete, mas não tinha nenhum
dos dois, então pensei que seria mais rápido eu ir num Fastfood, mas eu ia ter
que pegar o trânsito de novo.
Acabei almoçando às 14h. Comi muito, e minha digestão foi
ficar sentada 2h lendo um livro e vendo televisão.
Resolvi torrar tudo na academia. Entrei lá ás 16h e saí ás
18h.
As 20h jantei sobras do almoço. Fiquei lendo até ás 21h e
50min, que é a hora que eu me arrumo para dormir. As 22h já estava na cama.
De manhã, eu fui tomar café, e apareceu a “véia” sabe
“cumé”, brincadeira, tá?
No trabalho eu comecei a escrever uma crônica: A crônica das
doces FÉRIAS:
Doces férias... Aquele
chefe todo rabugento no seu trabalho você vê de roupas de banho vermelhas com
bolinhas amarelas todo feliz na praia, na parte mais rasa do mar. É o efeito das férias.
Doces férias.
Quando você volta a
trabalhar ele está todo rabugento de novo...
Me perdi no texto, droga!
Minha chefa se aproximou e disse entusiasmada, não parecendo
o exemplo de chefe que eu citei na crônica:
- Legal sua crônica! Você faz muito bem, mas no que você se
baseou?
- Er... Não era tu não, era o chefe da minha irmã mais
velha.
Eu já a citei pra vocês? Não? Vou contar.
Loira, de olhos azuis, patricinha, que gosta de chamar
atenção... Não se parece nada comigo, não é?
Voltando do trabalho ela estava na porta da minha casa,
apesar do toró d´água que estava fazendo.
Quando a botei pra
dentro, ela falou:
- Estou toda encharcada, olha meu vestido, meus sapatos, meu
cabelo...
- Uma coisa de cada vez, mana. – eu disse.
- Como assim, uma coisa de... Aiiii!
Minha irmã caiu de um salto imenso.
Já no hospital, a enfermeira perguntou:
- Qual foi a altura do salto que você caiu?
- Quinze, mas para festas uso um de vinte centímetros. –
minha irmã respondeu.
- Acho melhor descer do saltaço mocinha, mas não se
preocupe, com 22 anos, eu também não tinha juízo. – A enfermeira falou.
- Como assim? Isto é puro juízo que passa pela minha linda
cabecinha, isto é a moda viu? – minha irmã falou.
Depois de sair do hospital, a deixei na porta de casa, e ela
reclamou.
- Fala sério, um Siena? Não podia ser uma camionete chique
ou um Ford? Com 18 anos você poderia comprar um carro legal, mas justo um
Siena?
Entrei no carro e deixei-a falando sozinha.
Acordei um bagaço e fui para o trabalho, mas três pneus
estouraram. Todos na rua buzinavam ou gritavam “Anda mulher” ou “ Anda sua
vaca”.
Liguei para a Janá, lembram-se dela?
E ela disse para eu manter a calma, apesar de ter uma
reunião importante no trabalho daqui a dois minutos.
Liguei logo depois para o seguro, peguei um ônibus, porque é
mais ecológico que um táxi, por exemplo, se vinte pessoas resolverem sair de
casa, elas resolveriam ir de carro, o que faria a fumaça de vinte carros, mas
se elas forem de ônibus, transmitirá a fumaça de um carro só.
Cheguei cinco minutos depois que começou a reunião, e o
pior: eu estava de maiô por baixo da roupa, por que depois, ia pro clube.
Chegando ao clube, fui me jogar na piscina, mas eu vi dois
colegas de trabalho, o Martin e o Charlie. Por um instante, esqueci que eles
existiam, mas lembrei de um fato curioso: nós éramos colegas do vestibular, e
eu sempre achei um muito chato, mas talvez porque nós terminamos e porque ele
era chato mesmo. Sempre achei o outro legalzinho, mas nunca nos falamos muito.
Atirei-me na piscina, e vi os dois brigando, e escutei
alguma coisa que era “a Olívia te odeia, cara, você não tem chance e agora
deixe eu fazer minha mágica” e “ uma ova que vai”.
Eles estavam brigando por mim? Que fofo! Nunca atrai
olhares, mas adorei atrair.
Cheguei em casa e senti um cheiro péssimo. Logo me toquei do
que estava acontecendo. Achei que um cano de esgoto poderia ter estourado.
Chamei um encanador, e quando desliguei o telefone, ouvi alguém assobiando um
rock das antigas.
Abri a porta e... Martin?
- Desculpe. – ele disse.
- Pelo que? Por assobiar na porta da minha casa? Que você
quer?
- Tu esqueceu a bolsa no trabalho.
- Obrigada e...
Eu recebi uma mensagem no meu celular, era do encanador.
Bati a bunda da minha
camionete e num vo poder ir, blz?
- Martin, me
ajuda, minha casa tá fedendo pra mamute e eu estou com fome, mas não dá pra
comer com aquele cheiro. Um... Que cheiro é este?
- Tá te incomodando?
- Não.
- É que é meu perfume.
- Você pode me ajudar.
- Eu não sou encanador...
- Não é isso, tô falando de você me emprestar seu perfume.
- Qual era o encanador que você ligou?
- Albert. Albert Adam.
- Ele vive batendo o carro. Eu liguei pra ele no ano
passado, mas ele não veio porque bateu o carro. No ano retrasado, ele conseguiu
ir, mas ele tinha trocentas multas pra pagar. Vou te levar para um restaurante
enquanto tu não arruma um encanador.
Eu vi ele escrevendo um torpedo para alguém.
To ganhando num disse
Charlie apareceu do nada e disse:
- Pode ter esquecido a bolsa, mas quando foi emprestar 50
centavos pra Janaína pagar a área azul, tua carteira de motorista caiu.
- Obrigada, eu estava procurando ela!
Estou me sentindo poderosa, com dois homens de 19 anos aos
meus pés, mas não quero namorar nenhum deles.
Depois do almoço a Lauramanda, minha irmã que tem um nome
estranho, vindo da combinação do nome da minha mãe, Laura, e o da minha tia,
Amanda, me ligou dizendo:
- Quero fazer uma aposta que eu ia fazer no dia que eu
estava esperando na porta da sua casa: se você ainda não arrumar um namorado
até sábado, que é amanhã, você me pagará 999 reais e 99 centavos. Sábado a
gente vai se encontrar no restaurante The Tillers, e tu vai ter que estar de
peguete, certo?
Ela desligou na minha cara, e eu tinha que arrumar um
namorado. Aí, tive a brilhante ideia de arrumar um namô falso. Liguei de novo
pra Janaína pedindo uma sugestão, ela opinou o Charlie:
- Ai amiga, eu acho ele um gato: ele é lindo, musculoso e
genial. É só você pagar 50 reais para ele topar.
Liguei pra ele e implorei até ele topar.
Sábado cheguei ao restaurante e minha irmã estava esperando
numa mesa reservada.
- Não esperava que conseguisse Olívia, e eu trouxe meu namô,
o Walter, pra almoçar junto.
Pedi frango grelhado com arroz, feijoada e mandioca. Quando
fui espetar o garfo na comida, vi a Janá. Ela acenou. Ela é minha melhor amiga
profissional em tempo integral, mas ir ao mesmo lugar que eu vou para ver se eu
estou fazendo tudo que combinamos é muito mico.
Então minha irmã falou algo que eu não esperava:
- Kiss your boyfriend!
- Como? – eu perguntei, me engasgando com o suco de limão.
- Beije seu namorado!
Eu e o Charlie beijamos as bochechas um dos outros.
Lauramanda se levantou e bateu na taça dela com a colher,
gritando “Discurso”.
- Os pombinhos aqui estão envergonhados para beijar. Vamos
lá encorajam eles, vamos!
Todos gritavam “Beija”, até os garçons. Charlie me puxou
para o lado e me beijou de novo. Fiz cara de nojo. Vi ele mandando um torpedo:
Ela me beijou (hahahahah)
Agora tudo faz sentido! Os torpedos... Conheço a vida de
garotos muito bem. Eles estavam competindo pra ver quem me atraía melhor. Eu
sei que isto é fofo, mas tem algo que me irrita, e eu acho que é porque eu
estou sendo disputada por duas pessoas.
Passei a tarde deitada na cama pensando. Charlie,
Lauramanda, Martin... Que está me desesperando?
No final da tarde concluí que tudo estava me irritando.
Talvez eu não saiba lidar com o fato que meu ex-namorado me beijou, que minha
irmã pediu isso e que eu estou sendo disputada.
Liguei pra Janá (de novo) chorando e ela me perguntou o que
aconteceu, eu expliquei o que aconteceu e ela me deu o número e o endereço de
uma psicóloga particular.
Liguei e fui até a casa da mulher. Eu contei que eu estava
muito estressada, e ela me passou uma receita de floral e três pra desestressar
antes de dormir.
Acordei um pouco melhor do meu (acredite se quiser) SURTO
EMOCIONAL. Foi mais ou menos um surto emocional. Janaína foi me visitar, passou
a mão na minha testa e disse que eu estava parecendo febril, me botou um
termômetro no sovaco e disse que eu estava com febre. Ela me disse que trouxe
uma surpresa: ela ganhou uma cadelinha de 40 dias, chamada Belinha, e eu sou
dinda dela. Fiz um sorriso meio desanimado e ela disse:
- Você não gostou.
- Eu gostei, mas eu estou meio desanimada com tudo, Janá.
- Tu vai se animar se eu botar sua afilhada canina no seu
colo! Vou passar o dia na sua casa para te fazer companhia.
- Não precisa, Janá.
- Vou te contar uma coisa sobre Janaína Denise Silveira
Barcellos. Eu não vou deixar você assim. Olha pra ti!
Você está quase de Black Power
e está loira!
- Eu achei que se eu pintasse o cabelo, ninguém iria me
reconhecer! Mas todos me reconhecem!
- As instruções estão em polonês, Olívia! Você não quer que
ninguém fale contigo, eu entendo, mas eu vou tirar essa tintura do seu cabelo!
Janaína enfiou minha cabeça na pia e começou a narrar o que
ela estava fazendo:
- Minha avó costumava misturar shampoo anti-caspa com
detergente de cozinha.
Ela tirou a tinta do meu cabelo, mas ficou bem armado.
- Agora coloque... Vaselina! E coloque isso, e aquilo... E voialá!
Eu estava linda, mas cheia de olheiras, espinhas e cravos.
- Isso a gente resolve com cremes e pomadas. Agora sim você
está linda! Qual é o remédio para febre que você tem?
Ela abriu o armário de remédios e achou um Allivium de
comprimido. Encheu um copo com água e pediu para eu tomar o comprimido, porque
amanhã tinha trabalho.
Eu tomei meus florais e fiz minhas receitas. Quando fui
escovar os dentes a Janaína estava botando o pijama.
- Janaína, eu já disse que tu pode botar o pijama no meu
quarto! – gritei.
- Eu não me sinto tão à vontade assim, Olívia!
Acordei no chão. Devo ter caído da cama. Quando fui para
cozinha, a Janaína tinha preparado a mesa, e tinha maçãs, laranjas e nozes.
Dizem que estes alimentos dão uma carga na energia.
Na empresa, foi só olhar para loiras e para os caras que me
dava vontade de explodir.
Depois eu fui almoçar com a Janaína e eu vi uma garçonete
loira. Eu ia por o fósforo na minha bomba se a Janaína não tivesse me impedido.
Passei à tarde na casa dela, experimentando os novos produtos de beleza que ela
comprou de um menino de boa aparência na rua.
De noite eu estava com a cara toda vermelha. A Janaína me
ligou e disse que o tal menino botou detergente no sabonete líquido hidratante
de açaí. Nós entramos em pânico, porque amanhã tinha várias coisas importantes
no trabalho. Ia ser anunciado o funcionário do mês, o que dá á pessoa o direito
de não ser demitida até a próxima vez que anunciarem o novo funcionário do mês,
uma reunião importantíssima e hoje também seria o jornal do mês, o que tem
reportagens importantes para a saúde, para os esportes e etc.
Resolvemos pagar duas colegas nossas que estavam de folga
para ir no nosso lugar, nos dizer tudo que rolou lá e escrevemos em cadernos
crônicas e colunas que iriamos escrever pra elas fazerem no nosso lugar.
Elas voltaram ao meio dia cheias de coisas para contar: eu
era ”o” funcionário do mês, que a chefia deixou as duas fazerem as coisas no
nosso lugar, que as coisas que a gente pediu que elas escrevessem foram
aprovadas e outros bafos.
Depois que elas foram eu fui pra minha casa (eu estava na
casa da Janaína) e liguei a televisão, mas estava passando filmes horríveis e
as melhores coisas pra ver eram Rebelde e Malhação (odeio os dois), e eu estava
cheia dos filmes que eu tinha em casa.
Alguém bateu na porta. Eu olhei pelo olho mágico e era o
Charlie. Quando abri a porta ele disse:
- Desculpe pelo beijo no restaurante. Tchau.
Ele me deu um beijo na bochecha e me entregou flores.
Comecei a espirrar. Descobri que sou alérgica a bromélias. Você deve estar
pensando que eu sou fresca, mas não sou não. Só sou alérgica. Vou dar as flores
para a chefa amanhã.
Tomei remédios e passei pomadas, porque eu não vou chegar ao
trabalho parecendo que estou sangrando.
Depois dessa, nunca mais compro coisas
da rua.
Acordei muito bem, e fui para a empresa da ZH. Entreguei as
flores para a chefia e ela amou. Sorte que o Charlie faltou.
Á tarde encomendei uns remédios para dor de garganta, febre
e etc.
Resolvi chamar minha mãe para ficar na minha casa e eu fui
fazer uma aula de jazz.
No fim da aula a professora me chamou num canto e falou que
eu tinha que fazer jazz por que eu me saí muito bem e minha abertura era
incrível.
Em seguida fui a pet shop e comprei um cãozinho macho com a
mesma quantidade de dias da cadelinha da Janá e um presente para a minha
afilhada canina.
Liguei para a Janaína para contar a novidade e ela disse que
virá amanhã na minha casa para ver o recém-batizado de Steve.
Chegando em casa minha mãe disse que um garoto que ela não
lembra o nome queria me chamar pra sair e deixou o telefone:
- Um tal de Mer... Mratim...
Não acredito! Martin?
Liguei e perguntei onde era.
Resumindo: não sou mais solteira, sou mais feliz e me sinto
melhor. Obs. A Janaína teve seu felizes para sempre com o Charlie. E Steve se deu muito bem com a Belinha. Já a
Lauramanda ficou com o Walter, mas o nome do namorado dela podia até ser
Bermudes que eu não iria ligar.
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