segunda-feira, 16 de julho de 2012

Postagem de Férias

Férias de Inverno. Para não fazer nadica de nada. Ou algumas coisas.

Se frio matasse, eu seria a primeira vítima dele. Ou melhor, minha mãe. Ou outras pessoas deste Brasil, Rio Grande do Sul, POA, etc.

Bah! Por que é tão frio o inverno?

É sempre (ou quase sempre) que as pessoas no inverno reclamam:

- Eu queria que fosse verão. Maldito frio! Maldito inverno!

E no verão reclamam:
- Que calor! Vou derreter! Por que não é inverno, hein?
No verão é quente demais. No inverno é frio demais. E ainda tem o outono e a primavera.
Qual das estações vc prefere? Comente.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

O Mistério da Enchente


    O Mistério da Enchente
  
“Salvem as crianças e mulheres!”.  Acordei com este barulho no auto – falante. Pensei: “Que sonho estranho! Uma enchente em São Lourenço!”. Mas quando acordei, os gritos e barulhos continuaram. Minha madrasta desceu as escadas (gritando) até meu quarto:
- Rápido, Júlia! Sai dessa cama! Estamos correndo perigo! – ela quase chorava de medo.
- O que foi, Marlene? – perguntei.
- Enchente! Corre!
Subi a escada, desesperada, para o telhado da casinha de madeira.
A água batia em nossos pés. A chuva e as ondas acalmaram. Os bombeiros chegaram num bote e nos tiraram de lá, antes que o telhado ruísse.
Como nesse ano estava chovendo muito por lá, todos os sobreviventes viajaram de ônibus e barco até outra cidade. No ônibus, pensei: “engraçado. Pareceu muito rápido! As águas demoraram uns 40 minutos para abaixarem. Tenho muita sorte que as ondas não subiram mais do que a altura do telhado.” Pensei nos meus amigos: Pamela, Caroline, Paulo e Jorge. Os quatro eram muito conectados com o mundo, afinal, estamos em 3120! Eles teriam visto a notícia na internet ou na tevê. Por isso mandei um e – mail pelo meu IPhone:
“gente eu to bem. Isso qué dize q num pricisam si preocupa, ta?”
O ônibus parou nos EUA (não fiquem pensando: “ah, mas era impossível fazer isso a mil anos atrás. Mas e a tecnologia, gente?) . Bom sinal, pois moro lá. Verei os meus queridos amigos de novo!
Vi Pamela atrapalhada com umas sacolas. Desci da lotação e dei um grande abraço nela, que falou:
- Comprei umas roupitchas para você, porque tu levou um monte de roupas para São Lourenço.
- Não precisava, Pam.
- Nós ficamos muito preocupados com você! Vamos pra casa da Carol, vamos!
Todos estavam lá. Jorge começou a reunião:
- Bom dia, bom dia, gente! Algum de vocês quer aventura? Eu quero. Vou descobrir por que esta enchente aconteceu.
Todos toparam. Menos eu. Fiquei olhando, assustada.
- Vamos, Ju! – Carol pegou minha mão – Coragem, guria!
- Vocês estão loucos? Não quero me meter em mais aventuras, como a enchente!
- Por quê?
- Porque não quero morrer!
Jorge, determinado, resolveu fazer votação. A única que não quis aventura fui eu, mas como tinha LEIS hoje em dia contra grupos que fazem votação e, se um não quer, tem que ir junto. Não queria ser presa com 20 anos e ficar até os 60 na cadeia, então aceitei.
Nosso destino era:
·         Sair dos EUA e chegar até a Grécia, porque todos nós acreditamos na mitologia grega e queremos falar com os Deuses.
Primeiro pegamos o Ultra – Bus, que um ônibus (que passa pela água sem os pneus, que entram pra dentro do ônibus) que nos leva até a Rússia dos dias de hoje, que é muito mais sombria e têm muitas cavernas, coisas que não existiam na Rússia, muito antigamente.
A primeira coisa que vimos foi um mendigo. Tentei dar um dólar para ele, mas ele disse que não ia adiantar nada, porque na Rússia de 3120 usam “dolletthes”.
A pobreza era horrível! Tinha por todo lado. Até nos lugares mais ricos e chiques tinha. Jorge começou a falar que ele virou guia de turismo no final do ano passado e passou esse tempinho de férias passado (ai meu deus, quanto “pass”) guiando pessoas em viagens, e disse que ia nos guiar pela Rússia. Ele nos levou até uma caverna escura e sombria.
- Jorge? - eu perguntei, tentando disfarçar meu medo – Onde estamos?
- Eu não sei. – respondeu ele com um meio sorriso – Mas vamos descobrir.
Um uivo cortou o silêncio da noite. Caroline gritou. Um grito pra lá de fininho. Achei estranho. Carol era muito quieta.
- O que foi Carol? – Jorge riu – Está com medo?
- Sim. Se responder sua pergunta.
Jorge engasgou de tanto rir.
- Tu está com medo?
- Para de encher, Jorge – gritei, defendendo Caroline.
- Não se mete, Júlia! – Jorge gritou.
- Me meto sim!
 Pamela interrompeu a discussão perguntando:
- Cadê o Paulo?
Para trás. Paulo tinha sumido. Nos entreolhamos assustados. Os gritos de Paulo foram ouvidos. Seguimos marcas de patas de algum animal. E nos deparamos com o rapaz sendo arrastado por um lobo. Jorge não pensou duas vezes. Atirou no animal, que caiu morto no chão. Caroline, desesperada, ajoelhou – se ao lado do animal. Chorou. Seu pranto molhou o corpo do animal. Ela gritou:
- Jorge, por que você fez isso? Só existiam dois animais desta raça! Agora tem um!
- Puxa, eu não sabia! Me desculpe! Mas por que o Paulo interessou o bicho?
- Paulo estava com a carne de vaca industrial que compramos, certo?
- Certo.
- Então é isso! O lobo sentiu o cheiro da carne no Paulo, e achou que podia estar dentro dele. Mas não estava. Estava na sacola plástica.
Uns índios velhinhos nos acharam na floresta e levaram – nos até uma tribo. Estava quente para caramba. Tiramos os casacões e casaquinhos.  Os índios começaram a fazer a dança da chuva. A índia mais velha falava a nossa língua. Ela tossia bastante. Sentou – se com dificuldade em uma cadeira.
- Quem vocês são, meus filhos? – ela perguntou, tossindo. Falava com dificuldade.
- O que você tem? – Jorge perguntou.
- Câncer... – ela respondeu – Sem tratamento.
- Como assim? – Pamela perguntou para a velha.
- Não tem tratamento. Vou morrer logo.
Jorge falou:
- E nós temos que ir embora logo. Foi ótimo conhecer vocês.
- Fiquem só mais uma noite. Por favor! Eu preciso de companhia!
Ficamos. Mas não foi uma boa ideia. A velha Inusuki Tanuhuno morreu. Jorge ficou acordado com ela naquela noite. Ele disse que ela teve uma parada cardíaca, e que ele não pôde fazer nada, pois a ambulância não chegaria a tempo. A tribo toda lamentou esta perda.
Os índios acharam que Jorge havia matado Inusuki, então, nos expulsaram de lá. Aí, Pamela teve uma ideia de Jerico. Passaríamos de casa em casa, até alguém aceitar nos hospedar. Lógico que ninguém quis. Gritaram palavrões, nos empurraram pra longe e até mostraram o dedo do meio!
Até que a Carol teve a brilhante ideia de achar um hotel. Essa deu certo. Achamos um maravilhoso, na frente de um laguinho, mas não era mais na Rússia. Era numa cidadezinha perto. Tinha grama, água, comida (faz uns cinco dias que tomamos banho da última vez)...
Jorge me chamou para passear pela grama, á meia noite, onde todos estariam dormindo. Deitamos na grama e começamos a conversar sobre coisas fúteis, até que o cara começou a ficar todo estranho e irritado. Perguntei o que era e ele esticou uma arma pra mim.
- Se você prometer não contar para o resto da turma que eu continuo com a arma e que matei Inusuki, eu puxo o gatilho.
Fiquei nervosa, então prometi não contar. Mas no dia seguinte, sem o Jorge perceber, escapou. Disse tudo que ele falou, que ele fez... Mas ninguém acreditou em mim.
- Ih, Júlia, agora deu pra mentir? Vá arrumar sua mala por que daqui a duas horas partiremos para Bombaim. Não será o Ultra – Bus, iremos com dois transportes: barco e trem, desta vez. – Pamela falou, irritada. Pamela sempre acreditou em minhas mentiras (sociais ou não), mas quando falo a verdade, ela não acredita.
Ok, a viagem foi horrível. Uma chuvarada começou e quando estávamos no barco, o troço quebrou com a violência das ondas, e cada pessoa teve que remar com as mãos no pedaço de madeira. Mas (não sei como) pelo menos CONSEGUIMOS chegar a Bombaim.
A ilha estava toda enfeitada para a festa junina. Mas o número de ladrões e sequestradores era grande, então devíamos tomar cuidado.
O resto da viagem foi daí pra pior. Primeiro, o Jorge sumiu.
- Onde é que ele está, hein?
- Eu tenho um palpite – determinei – Ele se escondeu e, provavelmente, atirará na Caroline.
- Por que eu?
- Porque o Jorge discutiu contigo!
- Que asneira, Júlia. – Pamela se irritou novamente – O Jorginho é inocente!
Conheço a Pamela há anos. Sempre que ela começa a adicionar diminutivos aos nomes, é porque está apaixonada. Mas ela está me esnobando. Então, vou esnobar ela também. Vou grudar na Caroline.
Paulo gritou:
- Caroline, olha para trás!
Um cara todo de preto com uma máscara atirou na Carol. Ninguém sabia quem era. Mas eu sabia. Era Jorge. Aqueles olhos amarelados e fundos não me enganam.
- Não disse? – gritei – Foi o Jorge!
- Para Júlia! – Pamela gritou, desta vez quase explodindo – Que saco! A culpa é sempre do Jorge!
Pamela falou um palavrão no lugar de “saco”, mas não é legal botar palavrões em textos. Pode ser um mal exemplo.
- Não é minha culpa se tu está apaixonada por aquele egoísta! – desta vez, explodi. A Pam era a última pessoa com quem eu gostaria de brigar no mundo. – Você é muito boba. Aliás, todos vocês! Não percebem? Jorge só nos colocou nessa muvuca para nos matar!
Por um momento, nós duas esquecemos da Caroline deitada no chão. Apenas Paulo lembrou – se. Também, Caroline é linda. Seus olhos verdes e seu cabelo ruivo cacheado formam uma dupla linda. A Carol não morreu nem entrou em coma por cinco anos. Mas ficou paraplégica.
Mesmo com ela na cadeira de rodas, continuamos a viagem. Finalmente chegamos à Grécia. E sem o Paulo. Eu e Pamela não nos falamos. Conversei com a Carol a viagem inteira. Ela continuava linda. Tinha cartazes escritos em várias línguas: Estrangeiros, caiam fora, Get Out Strangers...
Fomos cercados por homens de togas armados com espingardas, fazendo sinais de “rua”, mas Caroline começou a falar em grego. Ela e os homens começaram a rir. Ela disse:
- Eles nos deixaram ir. Vamos até o monte Olimpo!
Mas tinha um problema. No monte só tinha escadaria. Como a Carol ia subir? Ela falou de novo com os homens de togas. Ela traduziu:
- Eles disseram que fizeram a escadaria para protegerem os deuses, pois assim, os estranhos desistiriam de ir ver os amados deuses. Mas disseram que alguém vai me carregar até lá encima. Alguém topa? Ou vamos desistir da viagem?
- Eu topo – Paulo resolveu.
Não deu certo. Os caras estavam certos. Ninguém ia aguentar subir as escadas. Entre as pausas para tomar água e descansar, levamos uma semana para subir.
- Chegamos! – gritei.
Entramos. Perguntei diretamente para Zeus:
- Por que aconteceu uma enchente em São Lourenço?
- Isto já faz um tempão menina! Afrodite sumiu, pois a humanidade não estava usando mais amor. Mas, quando voltaram a amar ela reapareceu. E vós sabíeis que amor ao contrário é Roma?
Zeus deu uma baita gargalhada.
- O que foi? Vocês não tem senso de humor?
Afrodite entrou na sala, gritando:
- Poseidon, vós esquecestes a torneira aberta de nov... Filha? Oh, minha filinha querida...
- Eu?  - Caroline perguntou.
- Sim, vós, Caroline.
- Deve haver um engano! Meu pai é ambientalista!
- Sim, casei com um ambientalista. Minha maior fraqueza. Mas você é uma semideusa com poderes de ninfa! Use seus poderes para sair desta cadeira com rodas!
Caroline começou a fazer uns movimentos com as mãos. Um matagal cresceu em volta dela. Seus trapos se transformaram num vestido verde e azul. Ela levitou seu corpo por cima da cadeira. Seus cabelos ruivos ficaram mais vibrantes. E seu olhar, mais aberto. Ok, agora sim ela está linda de morrer.
Saímos por um matagal que Caroline fez. Era lindo. Cheio de flores, borboletas, árvores de vários tipos, e bem claro.
Mas uma surpresa inesperada abalou a paz do jardim. Jorge chegou. Pamela saiu correndo para beijar o cafajeste. Ele pegou um incenso e começou a incendiar o lugar.
Os olhos de Caroline, de verde, passaram pra vermelho. Ela deu um grito. Outra mulher/fada chegou, sorriu para a gente e disse:
- Fada Aurora ao seu dispor. Ou Inusuki Tanuhuno. – ela piscou.
Jorge não aguentou e disse:
- Mas eu te matei!
- Não disse que ele matou Inusuki? – eu berrei.
A voz de Carol de normal passou para doce raivoso:
- Eu não tolero isso! Não vou deixar isto acontecer!
A voz dela ecoou pela floresta queimada. Outras (centenas) de fadas/ninfas apareceram. Todas usaram os seus poderes contra Jorge. Mas ele fez um escudo protetor que o defendeu de todos os ataques. As centenas fugiram. Ficaram só Aurora e Caroline.
Os três lutaram bravamente, até que Caroline apunhalou Jorge. Depois de matá-lo, falou:
- Itacolimnh... Itacollymacca... Hene... Calientthe! – parecia outra língua. Borboletas e pássaros rodearam - na pousaram no morto. O corpo se transformou em mais insetos, borboletas, pássaros, vagalumes...
O motivo da enchente? Não foi desvendado. Mas quem se importa? Foi uma aventura e tanto!
Caroline está feliz, morando com Paulo numa casa na árvore. Pamela está de mal comigo e com a Carol, e eu, de mal com ela. É a vida. Aliás, está na hora de pensar no meu futuro. Qual será minha profissão? Hum... Arqueóloga? Bióloga? Detetive? Fiscal de trânsito? Atriz? Roteirista? Diretora? Professora? Acho que ainda tenho um tempinho para pensar nisso. Ass.: Júlia Yara Denílson.


Crônicas da vida normal - parte 2


      Vida Normal – parte 2
Acordei de manhã cedo para ir pro trabalho. Chegando lá, não tinha ninguém, exceto a chefia, que sempre está lá. Obs: Eu fiz chapinha.
Descobri porque ninguém estava lá. Era sábado! E nos sábados, todo mundo gosta de faltar! Quando eu descobri isto, acho que até escutei os anjinhos cantando “Aleluia”.
Planejei que iria passar o dia inteiro dormindo, mas eu tinha que fazer a revisão do carro. Levantei da cama com uma cara de zumbi daquelas. Chegando na oficina encontrei a Lauramanda, e ela me xingou por ser “metida” por ir fazer a revisão no mesmo dia que ela. Eu
fiz até um gráfico de quantas vezes ela me xingou e de quê.
Mandei ela se catar, fiz o que eu precisava fazer lá e fui embora.
Em casa, tirei a maquiagem e me atirei na cama. Dormi feito uma pedra. Dormi 4 horas.
Me lembrei que tinha que ir na casa da minha mãe. Eu só saí da cama por causa disso.
Deixei o Steve (aquele meu cachorrinho) com a Janaína.
Fui a pé. Faz dois anos que eu estou namorando o Martin. Só estou dizendo isto porque aconteceu uma coisa incrível entre nós. Você deve estar pensando “será que alguém ganhou na loteria?” ou “o que, meu deus, diz logo...”.
Ele me pediu em casamento! Yes! Ele me fez isso no meio da rua. Isso me fez pensar que ele é mais nerd do que eu pensava, mas é bom alguém ter algum defeito. Alguém perfeito? Não existe! Só Deus!
Cheguei na casa da minha mãe e ela reclamou que eu me atrasei muito. Eu expliquei tudo que aconteceu e também disse que eu aceitei. Ela não acreditou e eu mostrei o anel. Ela disse:
- Oh, Olivia querida, que emoção! Dois casamentos para eu ir!
Ela notou que eu estava confusa e logo explicou:
- A sua irmã está aqui. E ela vai se casar com o Wandercleison!
- É Walter, mãe. – Lauramanda reclamou.
Fiquei mais um tempo lá, e quando saí, as 18h, topei com uma garota.
- Me desculpe! – ela exclamou – Você está bem?
- Estou bem... Eu que peço desculpas!
- Sou Sofia. Mas pode me chamar de Shapaguina!
- Eu sou Olivia. Mas pode me chamar de Olka.
Perguntei se ela queria que eu a acompanhasse até a casa dela, e ela aceitou.
- Onde você mora... Er... Shapaguina?
- Na rua Prof. Theodoro Machado.  Você conhece?
- É a mesma rua que eu moro!
Nos despedimos e entramos nos nossos condomínios.
Liguei para a Janá e contei tudo que aconteceu. Quando terminei, ela falou:
- Ah, a Shapaguina! Ela é minha outra melhor amiga!
- E acho que a minha também! – exclamei.
- Muito legal que você vai se casar!
- Tu vai ser madrinha!
- Oba! Ai, eu tenho que desligar, porque o Steve e a Belinha estão chorando. Acho que eles querem atenção!
O Steve ia dormir na casa da Janá, numa caminha de hóspedes caninos que a Janaína fez com madeira e uma almofadinha.
De manhã, me lembrei que o Martin ia almoçar na minha casa. Chamei minha mãe pra fazer a sobremesa, porque eu sou um desastre pra isso. Só para ter uma ideia, uma vez, peguei uma receita de mousse de Bis. Quando fui pegar os Bis, eles caíram no lixo orgânico. Saí catando eles no lixo, e claro, ficou uma porcaria. Eu também me enganei com a gelatina. Pedia gelatina sem sabor, e eu me enganei e comprei uma de morango.
Quando ele chegou, eu estava fazendo churrasco na área do meu apartamento. Fomos para lá e começamos a conversar. Um tempo depois ele perguntou:
- Olivia, que cheiro de queimado é este? Tá pegando fogo!
Quando olhei para trás, o fogo estava quase no teto da churrasqueira. Peguei um balde e enchi de água. Derramei tudo na churrasqueira. Como estávamos com fome, pegamos uma faca, cortamos as bordas e comemos com gosto de queimado.
Depois, minha mãe foi servir a sobremesa. Ela fez pudim de claras. Entupimos o pratinho do pudim, mas o gosto estava HORRIPILANTE. Tinha gosto de pena com gases. E a calda de laranja parecia um plástico!
Ele foi embora impressionado com as nossas “habilidades” na cozinha.
Fui passear na rua e um cara que eu nunca vi na vida tentou me beijar. Foi meio confuso. Ele tentou saltar sobre mim e me beijar, mas eu desviei e ele caiu de cara no chão.
- Desculpa, gata. Estava indo pro psicólogo, só que tu me encantou e...
- Agora entendi por que tu estava indo ao psicólogo! – eu disse seguindo em frente. Fui pra casa da Sofia. Ela estava no Twitter. Logo ela começou a rir que nem uma hiena.
- Que é isso, Sofia? – eu disse.
- A Michelle! – ela falou, com lágrimas nos olhos de tanto rir – Ela levou um “pé na bunda” do namorado! Bem feito!
- Ai, coitadinha... – eu falei com pena da Michelle – Tem dó, Sofia, que horror!
- Ah, eu não gosto dela. Ela é intensamente bonita, tem um corpo incrível e é ótima em esportes. Este tipo de pessoa me dá nojinho.
- Vá se acostumando, porque eu a convidei pro meu wedding.
Um toró d’água começou a cair. Ficamos preocupadas com a Janá, que também foi convidada.
A Janaína chegou toda molhada e esbaforida, com três caras atrás dela, igualmente molhados. Lá estavam o meu futuro marido, o Charlie e o marido da Sofia, o Lucas. Logo ela falou:
- Todos os homens pro quarto de hóspedes! Conversa de mulher pra mulher!
 Depois que eles foram, Sofia disse:
- Vocês me ajudam a cuidar dos meus bebês, o Antônio e a Luana?
- Claro! – falamos juntas.
Cuidamos dos bebês e fomos pra casa.
Voltando pra casa, encontrei aquele cara louco que tentou me beijar. Quando o vi, apertei o passo, mas acho que ele me viu. Ele continuou me paquerando.
- Ah, linditcha, pra que insistir? – ele falou – Tu sabe que eu sou lindo!
Bati a porta na fuça dele.
                                                   ***
Passando-se meses, fui escolher meu vestido de noiva. Escolhi um lindo.
No dia, fui pro salão de beleza e encontrei a Janaína. Ela estava com um creme verde fedido na cara e com pepinos nos olhos. Ela disse que não queria parecer um ralador de queijo ambulante no meu casamento. Encontrei a Sofia também. Só que o creme na cara dela era cor-de-rosa e ela tinha morangos nos olhos. A Michelle também foi detectada por mim. O creme na cara dela era branco.
                                          ***
O Martin (o loucão. Não contei que ele se chama Martin também?) disse que o outro Martin estava com rubéola (não contei que eles são primos?). Comecei a “louquear”, desesperada. Liguei para a Janaína que disse:
- Eu vou entrar em contato com ele, e vou fazer umas perguntas.
Ela me ligou depois, dizendo que era mentira. Aquele cara é um pamonha!
Fui para o meu casamento. Agora estou casada. Fui para a lua-de-mel. A Janaína nos seguiu até o aeroporto. Nos despedimos.
A lua-de-mel foi maravilhosa! Fui pra Miami.
Voltei pro trabalho cheia de novidades pra contar. Parece que a chefia também tinha novidades:
- Gente, chegaram três estagiárias: a Andressa, a Eduarda e a Gabriela.
A Eduarda olhou pra Janaína e começou a chorar. Todos olharam pra ela, que saiu correndo até uma parte ao ar livre da empresa. Só sei que ela correu até aí porque eu a segui.
Perguntei pra ela:
- Que houve entre você e a Janaína?
- Janaína? Não é Roberta?
- A Janá tem uma irmã gêmea. Mas o que aconteceu?
- Ela roubou meu noivo. Namorávamos há um tempo. Na loja da Fiat, ele me pediu em casamento. Aí ela apareceu. Fatal, de micro-vestidinho, botas de cano alto, olho azul, cabelos louros e batom vermelho. Parecia que eles já se conheciam. Ela abanou e ele saiu em direção a ela, que estava na frente do banheiro. Imaginei que ele tivesse com uma dor de barriga repentina, mas não. Um dia depois vi os dois namorando no parque. Lukas. Lukas era o nome dele.
- Assim, com “k”?
- Sim. Ele recebeu o apelido de Lukas Safado depois disso.
- Foi só um mal-entendido. Vamos voltar.
Voltando, as garotas novas a receberam com abraços.
                                                                  ***
Uns seis meses depois, descobri que estava grávida. Começaram a surgir coisas no enxoval. A Janá me trouxe uma coisa. Um livro que me encantou: O diário da mamãe de uma menina.
Eu engravidei de uma menina (passou – se um ano). A Sofia me trouxe um ursinho de pelúcia pro nenê. O livro tinha uma lista de nomes e seus significados:

                 Nomes
                 Significado
Adriana
Latim: Nativa da cidade de Ádria
Alice
Grego: Protetora
Ana
Hebraico: Graciosa
Beatriz
Latim: Aquela que faz os outros felizes
Carla
Teutônico: Fazendeira
Débora
Hebraico: Abelha, palavra guia
Elisa
Hebraico: Consagrada a Deus
Fernanda
Teutônico: Ousada
Gabriela
Deus é a minha força
Helena
Grego: Luminosa, resplandecente
Ingrid
Sueco: Em forma de guerreira
Júlia
Latim: Cheia de juventude
Luísa
Guerreira famosa
Marina
Latim: Do mar
Natália
Latim: Nascimento
Olga
Antigo nórdico; Santa, sagrada
Paloma
Espanha; Pomba
Raquel
Hebraico; Mansa como a ovelha
Sara
Hebraico: Princesa, senhora soberana
Talita
Aramaico: Menina
Úrsula
Latim: Pequena ursa
Valquíria
Mulher de grande beleza
Yedda
Anglo-saxão: Cantora

E além da lista, tinha muito mais coisas interessantes.
Quando eu já esperei oito meses, minha família veio ajudar a escolher o nome dela:
- Dê o nome dela de... Tiburtina!
- Credo, mãe! É horrível!
- É o nome que eu e teu pai íamos dar pra você se sua tia não tivesse opinado Olivia!
- Ou de Shaniqua!
- Credo, pai!
Enfim, escolhi que ela ia ser Marina. O Martin adorou.
A campainha tocou misteriosamente. Não chamei mais ninguém além dos meus pais, os pais do Martin e a Lauramanda. O olho mágico parecia mais alto. Eu só via cabeças. Abri a porta. Dei um gritinho. Meus irmãos que eu não via há seis anos estavam lá. Minha mãe sorriu. Ela tinha convidado os quatro!
- Tom! Luzia! Artura! Odine! Que surpresa!
Nós nos abraçamos. Lauramanda foi se aproximando com passinhos de tartaruga e falou:
- Tom, meu querido irmãozinho gay, tu pode me maquiar para ir naquela festa?
- Que festa?
- Da minha gravidez de oito meses... – falou minha irmã suspirando.
- O quê? – todos falaram juntos.
- Por que não me contou? – perguntou a mãe.
- Porque eu só descobri isto ontem. Primeiro, achei que fosse só um enjoo ou uma azia. Mas quando eu fiquei barrigudaça, eu desconfiei...
- Bem que eu estranhei o barrigão. – disse meu pai.
Como minha irmã é burra! Uma pateta! Jumenta! Nunca vou dizer isso na frente dela, mas... Realmente.
Com todos estes nomes, cheguei a uma conclusão: meus pais tem um mal – gosto danado pra nomes.
                                                          ***
“Momento de felicidade intensa. Mistura de dor e alegria. É o parto.” É o que a minha tia costumava dizer. Isso é mentira. Só a parte “felicidade intensa (...) alegria.” é verdade. Ou seja:
Bem – vinda, Marina!
E o resto da minha vida, ninguém precisa saber. Ass.: Olivia Maria de Azambuja Porto